“Peraí, peraí, só um pouquinho gente, peraí, peraí, parou, parou”, disse a Sandy e nisso, ouvimos um barulho de trem. Da estação de trem que estava sendo projetado no telão do palco. “Para o trem, para o trem, para o trem, calma que eu quero subir” falou ela se encaminhando para o centro do palco onde estava sua cadeira e pedestal do microfone, enquanto todos riam do modo que ela pediu pra parar. Acho que a produção não tinha combinado essa parte com a Sandy. Hehe... Já iam iniciar a projeção, direto a partir da música anterior. Nada de parar de gravar. Mas não é assim produção. Quanto mais demora, mais os fãs gostam. Se bem que dessa vez, gostamos também. Foi engraçado. “Quero começar essa música aqui, já”, falou Sandy sentando em sua cadeira. Nisso o Doug apareceu de trás da coxia e falou alguma coisa pra Sandy no que ela respondeu: “Ah, beleza”. “É pra ficar mais bonito, né?”, disse ela justificando porque queria começar o show ali da sua cadeira. “É isso aí, primeiro os ajustes”, disse ela se arrumando na cadeira enquanto esperava o ok da produção, após reiniciar a projeção e câmeras e tudo mais. E como estava demorando um pouquinho, Sandy resolveu conversar com o pessoal. “E aí gente, estão gostando até agora?” e ouviu os gritos da platéia acompanhados de palmas, que responderam positivamente que sim, estávamos todos adorando. “Que bom, eu também. Estou me divertindo muito. É bom trabalhar com o que a gente gosta, hein”. E então luzes apagadas, projeção no telão, barulho de trem, trem chegando à estação, luzes verdes e os acordes de...
No sim
Existe um não
No céu ♫
Existe um chão
Vencer ♪
Também traz perdas
Aceito os meios pra alcançar o fim ♫
Piso as duras pedras
Pra entrar no mar
Mas a calma da água ♪
Ao beijar a minha sede
Pela paz me eleva ♫
Sentir
Pode doer
Sorrir ♪
Pode esconder
Viver ♫
Tem suas mortes
Aceito os meios pra alcançar o fim ♪
Piso as duras pedras
Pra entrar no mar
Mas a calma da água ♫
Ao beijar a minha sede
Pela paz me eleva ♪
Me eleva ♫
Sim
Piso as duras pedras ♪
Pra entrar no mar
Mas a calma da água ♫
Ao beijar a minha sede
Pela paz me eleva ♪
Essa música traz os extremos das coisas, vocês não
concordam? “No sim, existe um não No céu, existe um chão Vencer também traz
perdas” é tudo assim. “Aceito os meios Pra alcançar o fim” e isso, bem sei eu,
que aceitei os meios, as condições para alcançar não o fim, ou melhor, o fim de
uma agonia, com a confirmação de que eu estaria no show de gravação desse DVD.
“a minha sede Pela paz me eleva” e quando eu estava com ingresso “nas mãos” e
as passagens também, minha paz se elevou, ou melhor, me elevou. Fez surgir em
mim, uma emoção, uma felicidade, até então, contida pela dúvida ainda, de estar
ou não no show. “Sentir pode doer Sorrir pode esconder Viver tem suas mortes”
Eu estava começando a sentir como seria não ir a esse show e isso estava me
incomodando, me doendo, e algo eu tinha que fazer para reverter essa situação.
Eu andava sorrindo pra todos e afirmando pra todos e principalmente pra mim,
que eu ia nesse show. Era mais a minha positividade afirmando e me mostrando isso
do que eu mesmo dizendo e pensando. Mas em fim, durante o caminho “Duras
Pedras” a percorrer, mas a areia da praia é fofa e “a calma da água ao beijar a
minha sede Pela paz me” elevou. E Duras Pedras ficou linda. Tanto pela projeção
no telão, da estação de trem, do próprio, das paisagens, como se fosse a visão
de alguém passando por tudo isso pensativo, as luzes e tudo mais, trouxe outra
atmosfera ao palco o que, em minha opinião, coube direitinho a interpretação da
Sandy. Acho incrível que pouco tempo antes ela estava vibrando e logo depois,
em uma música como essa, ela “encarna” a dor de tal ser. Expressões sérias e ao
mesmo tempo sinceras... Como aquelas pessoas angustiadas que pensam demais e,
certa hora, extravasam, como ela fez em cada refrão. Encantou muito. Demais.
“Obrigada”, disse simplesmente, Sandy sob aplausos de toda a
platéia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário