sexta-feira, 6 de maio de 2011

As Estações da Vida'


Li algo está tarde, que nos faz pensar e refletir com clareza, de certa forma, sobre os tempos/períodos que há na vida de cada um. O tempo de ser alegre e o tempo de se decepcionar, que nos conduz a se expor ou se recolher. E isso, nem sempre por incômodo, mas sim, por escolha própria... Talvez, um modo de meditar, de repensar, de estar consigo mesmo, buscando a integralização, a centralização interior para poder seguir em frente e cada dia alcançar um pouquinho a felicidade, se voltando novamente para tudo àquilo que pode, ou não, ser novo, mas que vai lhe proporcionar a cada dia novas sensações e percepções.
Como o outono que chega secando as folhas das árvores. Às matando e fazendo com que cada uma se desprenda dos galhos e caiam no chão. Um percurso, algumas vezes até pequeno para nós, mas que, para cada folha, dura tempo suficiente para que se passe aquele “filme” da vida, mostrando tudo o que fizemos e/ou deixamos de fazer. É como se fosse o último momento em que pudesse refletir sobre tudo, sobre todos. Talvez, o último suspiro.
Ou então, como o inverno que, como se já não bastasse o outono, chega para deixar tudo cinza e branco. Tudo frio, tudo congelado... Pena que, além de tudo que é concreto e está submetido a passar por isso, o que é abstrato pode sofrer também. Como os sentimentos em algumas pessoas, ou suas atitudes que esfriam, congelam... Congelam tanto que muitas quebram e tudo que se quebra, por mais que se juntem todos os caquinhos, nunca será a mesma coisa. As rachaduras, a estrutura sempre fica fragilizada. Sem contar aquilo tudo que pode, e com toda a certeza, se perde.
É quase deprimente pensar assim. Quase, porque nos últimos dias, quando achamos que tudo está perdido, basta olhar para a janela que começa a desembaçar e ver que aquelas árvores de galhos secos e sós, começam a ganhar a companhia de pequenos brotos, de pequenos caules que lhe darão o prazer da gratidão ao ter novamente, junto de si, folhas verdes, flores coloridas, frutos... Tudo como uma família que se completa. Esse é o presente da primavera que proporciona novos ares pra respirar, novas cores, novos motivos para ir pra rua e caminhar pelos jardins, ou seja, lá a natureza que estiver ao seu redor. Basta estar perto daquilo que é lindo e belo para ser feliz.
E incrivelmente, aquele frio do inverno some, pois a felicidade que irradia em você, é o suficiente para aquecê-lo. O calor, o amor, está em você, chegou a você. De onde surgiu de onde chegou? Só você saberá não dizer, mas sentir de onde veio. É o calor do verão fechando um ciclo vicioso, interno e silencioso, mas que nos deixa totalmente conturbados, aflitos... Apaixonados por alguém, por alguns, por muitos, por tudo, por todos, por nada, por nós!
É como se vivêssemos por estações. A vida é sazonal. Em certos momentos plantamos, para em outros colhermos e em muitos simplesmente vivemos e esperamos o que vem adiante. Basta sabermos que tudo aquilo que plantamos, pode e tem a tendência a crescer e querendo ou não, temos que colher. Para isso, é importante que plantemos tudo o que é positivo. E ficar esperando as coisas acontecerem, não é assim tão péssimo como se imagina. Às vezes é a única razão/ação que nos resta. Viver!
É claro que nem todos os dias serão fáceis, plácidos ou simples, sem angústias ou urgências. Certamente existirão sempre os dias de sentimentos intensos, duros e difíceis, e existirão os outros que serão calmos, agradáveis e prazerosos.
Como cada estação tem sua característica, todos os sentimentos podem ser diferentes, a cada tempo, a cada dia, a cada estação. O que vai torná-los fáceis para se lidar serão sua maturidade e clareza em expor as coisas, até mesmo para você. E é isso que nos ajuda a perceber justamente a alternância que rege nossa vida e até mesmo de saber que temos escolhas que precisam e devem ser feitas de acordo com as circunstâncias e situações de cada dia.
Para qualquer momento que se inicia na vida há um momento de euforia, sonhos e enormes expectativas. As oportunidades que surgem na vida soam como uma festa de possibilidades e novidades. Os dias seguem assim, até que chega a rotina e do desconhecido já se conhece um pouco mais, o "embalo da novidade" já não é mais tão vibrante e cada um, chega então, no tempo de uma certa calmaria, ainda que muito exista para ser experimentado.
"Vou ficar com as minhas flores e a passarada que me alegra." Nesse gesto, nessa escolha, quem escolhe, se recolhe possivelmente na primavera, nas flores, com seus pássaros e na alegre companhia deles. Há quem escolha não (só) a primavera, mas outono, inverno e (acreditem se quiserem) o verão. Mas independente da estação, assim, seja lá quem for à pessoa, não está só, e talvez nem saiba disso, mas se recompõe e se renova para uma nova aposta. Uma aposta mais adiante. Afinal de contas, o jogo não acabou. As apostas estão abertas e sempre estarão pelo menos enquanto houver o sonho e o desejo por um novo caminho. Caminhando conforme o ciclo que atravessamos, apesar de medos e anseios, estaremos mais em paz com o que é possível para aquele momento, aprendendo a respeitar, a esperar, a cuidar, a simplesmente viver o que surgiu da combinação entre o que escolhemos para nossa vida e o que a vida, em contrapartida, nos oferece.
O tempo seguinte para aquele que ainda não encontrou um amor, e acredito que essa já foi, é e será a realidade sentida por muitos, é um dos tempos mais difíceis, pois a pessoa precisa da esperança, do otimismo e isso, além de desanimador, pode sim ser desafiador para aquele que busca uma relação, que deseja avidamente viver um encontro afetivo. Chega o tempo da espera, da espera por novas oportunidades e isso vale para a vida interna em todos os sentidos.
Alguns, nesses momentos, optam por esperar e continuar apostando ainda que o cenário a frente não pareça tão promissor, enquanto outros optam pela retirada, pelo tempo do recolhimento. Não há melhor e não há pior. A escolha é algo particular, o que apenas precisa existir é a compreensão e a aceitação desses ciclos da vida, das diferentes estações que seguem dentro de um compasso, afinadas com o ritmo que nem sempre é aquele que desejaríamos para o momento. Inspire-se e aceite as estações da forma que elas vierem. Encare-as e se encare.

Nenhum comentário:

Postar um comentário